Presencial ou remoto: onde estão os principais ruídos de comunicação?

Homem jovem olha atentamente, com expressão de espanto, para a tela de um laptop à sua frente. Há dois bilhetes grudados na parte de trás da tela onde estão escritos "Almoço às 12h30 no bar da esquina" e "Em reunião o dia todo".
O problema está na atenção, clareza e intenção que cada pessoa leva para a comunicação. | Foto: Freepik

Nos últimos anos, falar sobre trabalho presencial e remoto virou quase um campo de batalha. Um lado defende a flexibilidade do home office, enquanto o outro afirma que nada substitui a troca presencial. Mas se deixarmos as preferências de lado e olharmos de forma técnica, veremos que os ruídos de comunicação estão presentes nos dois formatos.

Mais do que discutir “onde é pior”, a questão é entender como eles surgem e o que podemos fazer para reduzi-los. Afinal, não é só porque alguém está no presencial que está, de fato, presente, concorda?

Presença física não garante presença real

Você já esteve em uma reunião presencial onde as pessoas mexiam no celular, desviavam o olhar ou estavam com a mente em outro lugar? Pois é. A proximidade física não garante conexão verdadeira.

Da mesma forma, no remoto, há quem esteja na chamada apenas com a câmera ligada (quando está), mas na prática esteja respondendo e-mails, mexendo em outras abas ou apenas esperando a reunião acabar.

Em ambos os casos, o corpo está ali, mas a atenção não. E é justamente essa “presença relativa” que abre espaço para mal-entendidos, suposições e ruídos de comunicação.

Exemplos de ruídos no presencial

  1. Conversas paralelas: durante uma reunião, duas pessoas comentam algo entre si, e o restante não acompanha. Isso gera sensação de exclusão e pode distorcer o entendimento coletivo.
  2. Interrupções constantes: quando alguém corta a fala antes que a outra pessoa conclua, a mensagem fica incompleta e pode ser mal interpretada (sem contar os possíveis prejuízos emocionais).
  3. Ambiguidade no tom de voz: uma fala irônica pode ser entendida como ofensa, ou uma sugestão pode soar como crítica dura, dependendo do estado emocional de quem ouve.
  4. Gestos que confundem: um simples cruzar de braços ou um suspiro pode ser lido como desinteresse ou discordância, mesmo que não seja essa a intenção.

Exemplos de ruídos no remoto

  1. Câmera desligada: quem está falando pode sentir insegurança sobre como a pessoa que está com a câmera desligada pode estar reagindo àquela conversa. E isso pode comprometer a qualidade da mensagem que está sendo passada ao grupo todo.
  2. Sobrecarga de mensagens no chat: informações importantes se perdem no meio de comentários paralelos.
  3. Falta de pistas não verbais: muitas vezes não dá para perceber se a pessoa entendeu, concordou ou discordou, porque expressões faciais e linguagem corporal ficam limitadas.
  4. Problemas técnicos: um atraso de segundos já basta para alguém responder fora de contexto, gerando desencontro de informações.

O que esses exemplos têm em comum?

Em todos os casos, o problema não está no formato (presencial ou remoto), mas na atenção, clareza e intenção que cada pessoa leva para a comunicação.

Se estou no presencial, mas dispersa, crio ruídos. Se estou no remoto, mas atenta e aberta, crio conexão.

O desafio é cultivar uma presença real, ouvindo com atenção, validando o que o outro lado diz, confirmando entendimentos e nos esforçando para reduzir ambiguidades. Quando estamos realmente presentes, o diálogo flui. Mas quando não estamos, o ruído domina.

4 dicas básicas para reduzir ruídos em qualquer formato

  1. Praticar escuta ativa: ouvir sem planejar a resposta enquanto a outra pessoa fala.
  2. Confirmar entendimentos: repetir em outras palavras para ter certeza de que a mensagem foi captada.
  3. Falar com clareza, objetividade e gentileza: frases muito curtas podem soar duras e causar ruídos. Busque um equilíbrio garantindo que a mensagem esteja transparente, direta, mas dita de maneira gentil e colaborativa.
  4. Estar verdadeiramente presente: desligar distrações, fazer perguntas que demonstrem interesse genuíno pelo assunto, manter a atenção voltada à pessoa e à conversa.