Não é novidade para ninguém que os níveis de saúde mental não andam nada bem no mundo, especialmente no Brasil. E se nossa mente não vai bem, nossa habilidade de comunicação também fica abalada.
Uma pesquisa da USP, divulgada em 2021, confirmou que os casos de doenças mentais têm aumentado consideravelmente nos últimos anos devido a muitos fatores.
A pesquisa mapeou 11 países e o Brasil lidera esse ranking com 63% de casos de ansiedade e 59% de depressão.
Obviamente, quando a saúde mental não vai bem, nossas vidas pessoais e profissionais também são prejudicadas.
Veja só que dado curioso: uma pesquisa feita pela universidade canadense Carleton descobriu que quando as pessoas vivenciam grosserias no trabalho, elas tendem a se sentir menos capazes de serem pais ou mães. Um estudo da Academy of Management Journal, dos Estados Unidos, percebeu que o desempenho profissional cai e as pessoas tendem a ser menos propensas a ajudar umas às outras em ambientes corporativos tóxicos.
Por outro lado, quando a liderança é percebida como mais empática, seus times relatam maiores níveis de saúde mental. É o que comprovou um estudo feito em 2020 pela Qualtrics, empresa americana de gestão de experiência.
Profissionais em organizações empáticas tendem a sentir menos estresse, são mais inovadores e inovadoras, experimentam melhor nível de engajamento, ficam no mesmo emprego por mais tempo, entre outras vantagens. É o que concluiu um estudo de 2021 feito pela Catalyst, organização sem fins lucrativos e que promove a equidade de gênero nas empresas.
Portanto, empatia pode e deve ser sim encarada como uma excelente ferramenta para melhorar nossa saúde mental. E sabe para o que mais ela também é excelente? Para a comunicação interpessoal!
Eu sempre digo que empatia é um dos 4 pilares para uma comunicação eficaz. Quando a gente consegue se colocar no lugar da outra pessoa, pensar segundo o ponto de vista dela, entender suas referências, a tendência é sermos mais tolerantes.
Assim, repensamos nossas possíveis críticas a ela e procuramos outras formas de nos comunicarmos, pois compreendemos que o problema da falta de entendimento nem sempre está em quem recebe a informação. Não é à toa que essa é considerada uma das principais habilidades exigidas em profissionais no século 21.
Publiquei no meu perfil no Linkedin uma entrevista que explora bastante esse tema com Laize Barros, psicóloga e mestre em educação pela USP com larga experiência em gestão de times. Falamos, entre outras coisas, como a prática da empatia pode melhorar as relações e o ambiente profissional de uma maneira geral.
Ela conta que uma das principais maneiras de desenvolver a empatia é pela escuta ativa, que exige de nós autossuperação na direção do entendimento do outro lado. Para Laize, aprender a escutar exige desprendimento, pois saímos do nosso ponto de vista e abrimos um “portal” para que a outra pessoa entre sem medo e sem preconceitos.
E quando as duas partes se sentem à vontade, pode ter certeza de que a comunicação fluirá melhor e com muito mais clareza. Você já tinha refletido sobre o poder da empatia dessa maneira tão pragmática?