Qual opção a seguir você considera “acessível, neutra e inclusiva”?
1) Bom dia a todxs!
2) Bom dia a tod@s!
3) Bom dia a todes!
4) Bom dia, pessoal!
Se você escolheu a opção 4 com sendo a mais “acessível, neutra e inclusiva”, acertou! De forma bem simples e resumida, explico por quê:
- Palavras modificadas, ou seja, que ainda não existem oficialmente em nossa língua, não são acessíveis e podem prejudicar bastante a compreensão de pessoas com baixo letramento, que estão aprendendo nosso idioma, quem tem dislexia, autismo etc. Também podem não ser compreendidas por quem não está acompanhando os importantes debates e a proposta da linguagem neutra.
- A substituição de vogais por “x” ou “@” tornam a palavra impronunciável. Pode ser também incompreensível por pessoas cegas e com baixa visão que utilizam software de leitura de tela para navegarem por conteúdos digitais.
- Palavras modificadas também são prejudiciais às pessoas surdas que recorrem aos tradutores digitais de Libras para compreenderem determinado conteúdo. Esse tipo de tradutor se baseia em códigos e em sinais oficiais da língua portuguesa e da língua brasileira de sinais.
Eu gosto muito da linha proposta pelo André Fischer, fundador do Festival Mix Brasil, em seu Manual Ampliado da Linguagem Inclusiva. Concordo com ele que é possível neutralizarmos ao máximo o masculino genérico com recursos que estão disponíveis em nosso idioma oficial. Se você observar meus textos, por exemplo, verá que estou sempre fazendo isso.
E se a ideia é chamar a atenção para provocar reflexões, tente usar os neologismos da linguagem neutra (como “todes”) em discursos orais e não escritos. O André deu uma sugestão que achei muito bacana: se a plateia for predominantemente masculina, falar “bom dia a todAs”, dar um tempinho para gerar aquele desconforto do bem, e já explicar na sequência o que levou você a fazer isso.
Minha mensagem final é: se a intenção for incluir, então, neutralidade e acessibilidade têm que ser sempre considerados em conjunto.